sábado, 21 de agosto de 2010

Flores no asfalto

zeca baleiro

os sinos dobram dobro a esquina adiante
o céu me espia mais azul que antes
os mortos andam como eu nas avenidas
o sangue escorre da mesma ferida

ergo as mãos pro alto nos meus dedos os anéis
flores crescem no asfalto debaixo dos meus pés

tudo silencia ouço só meu coração
a rua acaba e meus sonhos vão
piso na poça uma moça estende a mão
meus olhos brilham vejo o céu no chão

ergo as mãos pro alto nos meus dedos os anéis
flores crescem no asfalto debaixo dos meus pés
deixo o dia para trás
sono e sonho a noite me traz
deixo o dia para trás
e a dor

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