sexta-feira, 24 de julho de 2009

Vou-me embora pra Pasárgada

Conheço de palma os dementes de rio.
Fui amigo do Bugre Felisdônio, de Ignácio Rayzamae
de Rogaciano.
Todos catavam pregos na beira do rio para enfiar
no horizonte.
Um dia encontrei Felisdônio comendo papel nas ruas
de Corumbá.
Me disse que as coisas que não existem são mais
bonitas.
O mundo meu é pequeno,Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco,
osbesouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverteros ocasos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Manoel de Barros

Se alguém, algum dia chegou perto de compreender a essência humana, as questões em torno do SER, foi Manoel de Barros, sua simplicidade em viver, escrever e descrever as coisas me tocam lá no fundo da alma. Não me conformo com a censura de obras como as dele nas escolas por serem consideradas eróticas e com palavras de baixo-calão. O que é erótico e de baixo calão afinal?? aff....


A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre portas,
que puxa válvulas,
que olha o relógio,
quecompra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.
Manoel de Barros

segunda-feira, 13 de julho de 2009

LIGÉIA

"E ali dentro está a vontade que não morre. Quem conhece os mistérios da vontade, bem como vigor? Porque Deus é apenas uma grande vontade, penetrando todas as coisas pela qualidade de sua aplicação. O homem não se submete aos anjos nem se rende inteiramente à morte, a não ser pela fraqueza de sua débil vontade."
JOSEPH GLANVILL