quarta-feira, 22 de agosto de 2007

CIRANDA DE PEDRA

E como se lhe perguntasse o que pretendia fazer no próximo ano ele respondera, entre risonho e grave: “Lembre-se de alguma coisa inútil e provavelmente será isso que estarei fazendo. Ouça Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas. A música – acrescentou detendo-se ao ouvir os sons de um piano num exercício ingênuo. Este céu que nem promete chuva – prosseguiu atirando a cabeça para trás. – Aquela estrelinha que está nascendo ali... está vendo aquela estrelinha? Há milênios não tem feito nada, não guiou os Reis Magos, nem os pastores, nem os marinheiro perdidos... Não faz nada. Apenas brilha. Ninguém repara nela porque é uma estrela inútil. Pois é preciso amar o inútil porque no inútil está a Beleza. No inútil também está Deus.”Ciranda de pedra - Lygia Fagundes Telles... *in love*

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